Quatro mitos que precisam cair

|
1 - O que funcionou no passado funcionará no futuro
Uma das principais armadilhas do futebol brasileiro nos últimos 12 anos tem sido recorrer às fórmulas do passado para obter sucesso no futuro. Ocorre que, em gestão, nem sempre uma receita tem resultado constante ao longo do tempo. E isso é verdade no futebol, que vem passando por transformações substanciais nas últimas décadas. Mas a arcaica CBF e seus arcaicos treinadores continuam presos ao passado de glórias. É a ideia de que não é preciso mudar se já vencemos a Copa cinco vezes. Basta procurar nossas raízes. Foi com essa linha de raciocínio que apostamos em Parreira em 2006, em Parreira e Felipão em 2014 e que vamos apostar em Dunga em 2018.
2 - O País do Futebol
Outra ideia enganosa é aquela de que os brasileiros nascem com a bola nos pés e se tornam artistas da bola quando crescem, à diferença dos europeus, que têm a cintura dura e incomodam mais pelo preparo físico privilegiado do que pelo talento. Talvez tenha sido assim até a década de 1970. A verdade é que há talentos por toda a parte e que a vantagem técnica do Brasil ficou pelo caminho. Pergunte a Messi, Cristiano, Iniesta, Ribery, Zidane, Xavi, Ozil e tantos outros. Veja quem são os protagonistas nas eleições de melhor do mundo e quantos deles são brasileiros. Enquanto craques despontam por todas as partes e as mais diversas seleções começam a tratar a bola com carinho, o Brasil ainda mantém na sua cultura os volantes brucutus e uma frequência de faltas durante o jogo vergonhosa. Mesmo assim, há quem ainda defenda que o brasileiro é sempre diferente.
3 - Um País que só pensa naquilo
Assim como o brasileiro não nasce com a bola nos pés, não é verdade que nutra um nível de fanatismo pelo futebol maior do que qualquer outro país. A maior torcida em território nacional, por exemplo, não é nem o Flamengo nem o Corinthians. À frente da dupla de torcidas de massa, surge nas pesquisas o grupo dos que declaram não torcer para ninguém, com mais de 20% dos entrevistados. Enquanto isso, as arquibancadas nos campeonatos nacionais ficam cada vez mais vazias, ridiculamente vazias, e ao mesmo tempo as transmissões ao vivo não param de perder espaço na briga pela audiência. O apreço do brasileiro pelo futebol é real, mas não é imortal. Ou os dirigentes cuidam do futebol com carinho ou o torcedor, e a sua renda, ficarão cada vez mais distantes.
4 - A culpa é do apagão
Faz parte do repertório justificar as derrotas em Copas do Mundo com “erros pontuais”. É como se o Brasil fosse sempre superior aos rivais e capaz de perder tão somente para si mesmo, sempre por conta de algum fator acidental. Isso esconde o fato de que outras seleções evoluíram e superaram os pentacampeões. O Brasil não perdeu para a Alemanha por causa de um “apagão”. Não perdeu para a Holanda quatro anos antes por um vacilo. Nem caiu contra a França em 2006 por causa das meias de Roberto Carlos. Perdeu, em todos os casos, porque do outro lado havia um adversário competente, que a camisa amarela não teve força nem equilíbrio para superar. Reconhecer as próprias fraquezas e as forças dos rivais será um bom primeiro passo para caprichar na preparação e buscar soluções que olhem o futuro, e não mais o passado. Otávio Maia para o portal Esporte Fino

Nenhum comentário:

Postar um comentário