Após a porrada na boca do estômago promovida pelos 7x1 da Alemanha em cima do ex-melhor futebol do mundo, os clubes brasileiros parecem também terem entrado em suas respectivas eras das trevas. Não, não se discute o modelo tático em voga, se atrasado ou voltado para o futuro, mas o buraco administrativo-financeiro onde foram se enfiar. De clubes meramente endividados, já surge no horizonte sombrio o estado de insolvência inclusive de alguns chamados "grandes".
Mas o leitor mais atento lembrará que mola propulsora dos problemas e soluções do dia-a-dia dessas instituições esportivas, basicamente estão centrados na magia do dinheiro. Se o time está bem na temporada, a torcida volta a se interessar, comparece aos estádios, se associa, compra ingressos, a lojinha vende mais e... eleva-se o preço do ticket nas bilheterias. Time vai mal? Sentido inverso, taca-le pau nas promoções "agora você não tem mais desculpa". Simples assim.
Moral da história: o ponto de contato com o torcedor se dá por meio de uma troca baseada na relação momento x preço dos ingressos. São os dirigentes de clubes, com suas ideias de mercado do período colonial, que acabam por convencer o seu consumidor preferencial a ser um torcedor oportunista. Esse modelo comercial é repetido ano após ano. O público entende, aceita, escolhe os melhores jogos e perde o hábito de frequentar os estádios de forma perene.
Se hoje o Avaí possui apenas seis mil sócios em dia com suas mensalidades e um público médio de 2.964 pessoas por jogo na série B, agradeça-se àqueles que no início de 2010, ainda bêbados pela campanha de 6° colocado na série A do ano anterior, aplicaram a lei da oferta e da procura de maneira aloprada e romperam o vínculo de confiança com a nação azurra. Já são quatro anos de "colheita maldita" daquele que talvez tenha sido o maior erro da história do Avaí.
Nilton Macedo e seu staff tentam resgatar essa relação estremecida, mas sabemos que ainda levará um bom tempo para que os primeiros frutos possam ser colhidos de maneira contínua. De vez em quando pinta um Palmeiras para incentivar 8.500 almas a saírem de seus sofás na perspectiva de um bom espetáculo. Mas lembre-se, boa parte deles são os agora transformados "torcedores oportunistas", que aceitaram proposta de um relacionamento baseado em resultado e preço.

Um comentário:
2010 foi o ano que as mensalidades aumentaram, né? Em 2009 os ingressos para os setores A e D já foi reajustado para R$ 100. Lembro bem disso porque, mesmo morando em Brasília, consegui assistir cinco jogos do Avaí naquele ano - a final do estadual contra a Chapecoense e quatro da A (Fluminense, Vitória, Grêmio Barueri e Atlético-PR). Todos custaram R$ 100 e, lembro bem, com amplo apoio dos sócios. Certeza que a atitude de parte da torcida em 2010, junto com a embriaguez de 2010 (hehe, curti a expressão) , motivou a direção do clube a colocar aqueles preços abusivos para todos.
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