Não sou politicamente correto

A capital amanheceu fazendo-se uma pergunta: Joinville ou Chapecoense. À partir dessa dúvida fiquei só na moita espiando o desenrolar desse novelo de lã. Logo que o sol raiou nessa segunda-feira os repórteres correram pra botar os microfones na boca do Silas. Queriam saber o que ele pensava a esse respeito. Os setoristas dos meios de comunicação não diziam nem que sim nem que não. Os jogadores, como já era de se esperar, ensaiaram um discurso único, bonito, daqueles que dá vontade de morrer pela "pátria". Aí chega o meio dia e os programas de TV abordam o mesmo tema: o Avaí vai escolher adversário?

Evitando problemas

Eu acho tudo isso muito engraçado, uma comédia pastelão, na verdade. De certa maneira todo mundo estava buscando um ato falho de alguém, um deslize verbal que vendesse jornal no dia seguinte e que fosse usado como manchete da chamada do Telejornal. Vou dizer uma coisa pra você: eu desconfio das pessoas politicamente corretas. Eu não gosto de quem fala sempre bonito, em todas as ocasiões e que jamais magoa uma pessoa, uma empresa ou um segmento da sociedade, mesmo que acidentalmente. Essa polidez não é uma característica humana, é uma coisa meio robótica. Temos nossas mazelas, nossas mentiras ocultas, aqueles pecados não revelados e por aí vai. Isso não é uma ode à grosseria, de forma alguma, mas querer do ser humano essa perfeição é um pouco demais. Ademais, se ninguém errar, como exercer o perdão? E perdão é um daqueles lances realmente emocionantes, que fazem a gente pensar: Pô, como eu sou bonzinho.

Coisa do passado

Eu quero o Joinville como adversário, pronto, e tenho muitas razões pra isso. Tem a ver com a minha estratégia particular, e felizmente não sou remunerado por ninguém para omitir essa minha opinião politicamente incorreta. É obvio que os homens do Avaí também estão pensando estrategicamente seu futuro adversário para a final do campeonato. Você não pensaria? Entretanto, o momento para se questionar isso já passou, seria na véspera do jogo contra o JEC, aí sim. Para a partida contra a Chapecoense o Avaí vai tratar de jogar pra vencer, sem meio termo, e razões para isso não faltam.

Acompanhe meu raciocínio

Veja se temos outra alternativa que não seja flechar os verdinhos do oeste:
. eles nos eliminaram do campeonato de 2008 com aqueles 3x2. O que vai... volta;
. nos humilharam com aqueles 5x1 (nada contra, mas é que sou vingativo mesmo);
. jogam de forma truncada, fechada, limitando-se aos chuveirinhos para o Cazarine. Prefiro o jogo mais aberto do JEC, que possibilita um futebol mais agradável de se assistir;
. o zagueiro deles, Anderson Luis, é o 007 do Oeste: tem licença pra "matar" . Os juízes se negam a expulsá-lo. Imagina esse moço vendo o Marquinho correndo sozinho pro gol. Cadeira de rodas forever;
. não desejo que o passe do Cazarine se valorize. Tô de olho nesse cara;
. pra Chapecoense ir pra final terá que ganhar do Avaí, e aí já serão duas derrotas consecutivas antes da decisão. Definitivamente brochante;
. temos uma invencibilidade a manter dentro da Ressacada. Aqui ninguém ganha do Leão;
. a primeira razão já bastava;
. e pra fechar, o nosso hino diz "a ordem é a vitória, vencer, vencer". Tomô?

Lembra dessa fotinho aí? Pois é, ainda tá engasgada na minha goela. Mas deixa estar, time da fotossíntese, no domingo a gente se vê aqui no nosso caldeirão. Continuo achando que o perdão uma coisa linda e tenho até planos de perdoar a Chapecoense um dia. Mas esse dia não será em 2009... , mas não será mesmo.