"Tem hora que você tem que jogar feio, você vai ser analisado pelo resultado". Com essa frase Geninho concluiu uma de suas falas na coletiva pós-jogo da última sexta-feira, enaltecendo o "espírito de luta e o futebol sem vergonha de dar chutão" que teriam sido as maiores virtudes na vitória sobre a Ponte Preta. No que concordo inteiramente com o comandante avaiano: o time será avaliado pelo resultado, inclusive por seu torcedor mais fiel e apaixonado.
Nós brasileiros, de um modo geral, já nos conformamos com a realidade do futebol praticado há alguns anos em terras tupiniquins. Não temos mais aquele esporte vistoso, com jogadas ensaiadas que não sejam de bola parada, dribles desconcertantes, prioridade para a posse de bola, busca incessante pelo gol, enfim, tudo aquilo que um dia nos colocou no topo da cadeia alimentar do mundo da pelota.
Por isso acho muito estranho quando um técnico, jogador, dirigente ou até mesmo um torcedor tece comentários lembrando que "Não estamos preocupados em dar show". Toda vez que vejo essa permissão para o jogo feio, também conhecido pelas expressões "entrega em campo... sangue nos olhos... com raça... de heróis da superação", me pergunto que time nesse país poderia se decidir por jogar de outro jeito. Hoje, jogar feio não é uma opção.
Não lembro de uma equipe que possa se dar ao luxo de abrir mão do jogo bonito para se dedicar ao futebol de resultado. Não temos material humano e mentalidade disponível para essa "frescura". Até podemos sonhar com um "retrocesso" para os tempos da bola tratada com carinho, mas enquanto isso não acontece, temos que torcer para que nossos clubes contratem excelentes fisioterapeutas, preparadores físicos, médicos e massagistas. Grosso modo, do Oiapoque ao Chuí, parece que são esses profissionais que estão fazendo a diferença dentro dos gramados brasileiros.

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